Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO25.7 - Covid-19, negacionismo e garantia do acesso à saúde: significados e sentidos sobre prevenção e produção de cuidados

47345 - MULHERES EM AÇÃO PELA (PLURI)INTEGRALIDADE DO CUIDADO NO CONTEXTO DE PANDEMIA
BÁRBARA BULHÕES LOPES DE ANDRADE - IMS/UERJ, ROSENI PINHEIRO - IMS/UERJ


Apresentação/Introdução
As demandas por integralidade do cuidado reivindicadas pelas mulheres não são temas recentes das políticas de saúde no Brasil. A integralidade foi utilizada pela primeira vez em 1984, pelo Ministério da Saúde, na confecção do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e sua construção sempre contou com a participação ativa de mulheres do movimento social feminista, da saúde e das universidades. O estudo colabora com a construção de argumentos no sentido de assumir a integralidade em saúde como prática articuladora de direitos. Porque a integralidade ganha materialidade quando se impõe como estratégia de defesa da vida, como direito orientador das metas administrativas do serviço. Sendo o cuidado como valor ético-político, uma atividade desenvolvida pelo ser humano que exige responsabilidade coletiva para afirmação da vida. Ao manter diálogo com as mulheres em territórios de vulnerabilidade como sujeitos ativos de mudança social, o estudo procura agregar suas reflexões, saberes e práticas na busca por cuidado em seus territórios de luta.

Objetivos
Nesse sentido, o questionamento que norteia tal debate complexo, perpassa as dimensões macro, micro e molecular da política na dinâmica social, refletindo sobre os elementos que a reivindicação do direito de cuidar, ser cuidado e de autocuidado ofertam para superar a atual crise da organização social de cuidados. Tendo em vista as relações de reciprocidade comunitária em saúde, o estudo analisa relatos de experiência de mulheres organizadas por reivindicação de direitos humanos no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil. Busca-se, com isto, compreender o itinerário cotidiano destas na campanha Mulheres Territórios de Luta do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul em seu exercício de reivindicação do direito ao cuidado em seu território.

Metodologia
Para tanto, usa multi-métodos que colaboram para identificar os percursos destas em relação à vulnerabilidade social, ao pertencimento, à responsabilidade coletiva e ao cuidado como ação política no espaço público. A proposta metodológica por multi-métodos apresenta três abordagens qualitativas: itinerário terapêuticos, pesquisa qualitativa em ambiente digital e análise de discurso.

Resultados e discussão
As abordagens vistas no ciclo de debates da campanha ressaltam a atuação destas em territórios plurais em que 37 experiências puderam ser identificadas. A amostra de análise apresenta recorte a territórios urbanos e pela intercessão com o campo de saúde coletiva. Apesar da diversidade e pluralidade de vivências, a articulação do discurso das ativistas é complementar e abrange uma unicidade construída e estabelecida em debate aberto.

Conclusões/Considerações finais
As mulheres em ação no contexto da pandemia criaram suas práticas de cuidado de si e do mundo apontando para a necessidade de cuidar de suas vidas no “agora”. Formularam respostas, não só à pandemia, mas aos desafios que a sobreposição de crises assentou em suas vidas. Portanto, este trabalho aborda os cenários de disputa de hegemonia que propõe mudar o centro da articulação entre políticas públicas e territórios ao assimilar as condições concretas para o desafio que o cuidado como valor ético-político encontra entre as ativistas.