03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO33.6 - Covid 19 |
46848 - A VIOLÊNCIA E O TRABALHO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM TEMPOS DE COVID-19: ESTUDO QUALITATIVO FRANKLIN DELANO SOARES FORTE - UFPB, FELIPE PROENÇO DE OLIVEIRA - UFPB, MARTHA QUITÉRIA SILVA HENRIQUES - UFPB, YANN CECCHETTI VAZ CARDOSO - UFPB, RÚBIA DE SOUZA RUFINO - UFPB, ANYA PIMENTEL GOMES FERNANDES VIEIRA-MEYER - FIOCRUZ-CE, UNICHRITUS
Apresentação/Introdução A pandemia do COVID-19 alterou a vida e consequentemente o trabalho dos profissionais de saúde, dentre os quais o Agente Comunitário de Saúde (ACS) nos territórios e famílias. Trata-se de um recorte de uma pesquisa desenvolvida em cinco municípios do Nordeste do Brasil.
Objetivos O objetivo desse estudo foi compreender as repercussões da violência no trabalho e na saúde mental dos ACS.
Metodologia Foram entrevistados 25 ACS, 84% mulheres, média de 47 anos, a maioria ensino médio completo, parda, 16,9 anos de trabalho como ACS e relataram ter de 2 a 3 salários-mínimos como renda familiar. As entrevistas foram realizadas de maneira individual, de uma capital do nordeste do Brasil entre abril a agosto de 2022. Para compreensão e sistematização dos dados, adotou-se a análise de conteúdo temática. A pesquisa foi aprovada Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (parecer nº 4.587.955) e todos os ACS assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados e discussão Os ACS reconhecem os vários tipos de violência nos territórios e alguns relatam terem sofrido ou já terem presenciado. As entrevistas revelaram diversos tipos de violência nos territórios em que atuam: familiar, contra a mulher, criança, idoso, assaltos, verbais, as quais possuem diversas origens desde tráfico de drogas, desestruturação familiar e de vínculos afetivos e vulnerabilidades. Os ACS relataram sentir-se inseguros pela falta de conhecimento para o manejo da violência e sugerem a adoção de medidas intersetoriais com a educação, justiça, segurança pública, serviço social para o enfrentamento desse problema nos territórios e criação ou fortalecimentos de redes sociais de apoio. Bem como ressignificação do processo de trabalho em equipe na perspectiva da colaboração. Sugerem também o fortalecimento da educação permanente em saúde visando o debate, a reflexão em torno do enfrentamento da violência nos territórios para a qualificação do processo de trabalho. A violência associada ao período pandêmico afetou a saúde mental dos ACS, revelado pelos relatos de depressão, medo e ansiedade, falta de sono, sensação de impotência e o uso de medicamentos controladores de humor.
Conclusões/Considerações finais É necessário o debate ampliado em torno da saúde do trabalhador em especial a saúde mental e de como as violências nas comunidades atravessam o trabalho em saúde e afetam o trabalhador. A produção de dados empíricos a partir das vozes dos agentes que operam na saúde da família em diferentes territórios e contextos de vida, amplia e melhora a compreensão sobre as necessidades desses trabalhadores. Por um lado, visando a qualificação desse processo de trabalho na atenção primária à saúde, criação espaços de reflexão e redes sociais de apoio e suporte aos ACS e por outro, ações de empoderamento comunitário na perspectiva de estratégias e caminhos de construção de saberes, fazeres e afetos no enfretamento da violência nos territórios.
|