47366 - PANDEMIA DE COVID-19: MUDANÇAS E DESAFIOS NA GESTÃO DA ATENÇÃO HOSPITALAR ZENI CARVALHO LAMY - UFMA, POLIANA SOARES DE OLIVEIRA - UFMA, JHENNYFER BARBOSA DE OLIVEIRA MANTESSO - CEUMA, LUIZA DE KATULICA RODRIGUES OLIVEIRA - UFMA, LARISSA DA COSTA VELOSO - UFMA, JOYCE SANTOS LAGES - UFMA, LEIDY JANETH ERAZO CHAVEZ - UFMA, RUTH HELENA DE SOUZA BRITTO FERREIRA DE CARVALHO - UFMA
Apresentação/Introdução O cenário mundial e brasileiro vivenciou, recentemente, o desafio da luta contra a propagação do novo coronavírus, recente crise de saúde global que provocou uma série de modificações nos serviços e processos de trabalho em saúde. A gestão hospitalar tornou-se um elemento chave na resposta à pandemia de covid-19 por ter um papel fundamental na organização dos hospitais para lidar com a nova situação que trazia duas desafiadoras demandas: a crescente necessidade de internação, especialmente de pacientes graves necessitando de UTI levando à necessidade de ampliação de leitos e do quadro de pessoal e, ainda, a necessidade de proteger a saúde e garantir segurança sanitária para os trabalhadores. Esse cenário gerou especificidades nas formas de atuação dos serviços de saúde corroborando sobre a importância de compreender o processo de trabalho da gestão hospitalar de maneira mais ampla.
Objetivos Analisar os desafios da gestão da atenção hospitalar na reorganização dos processos de trabalho durante a pandemia de covid-19.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, desenvolvida em um hospital universitário de uma capital do Nordeste brasileiro, no período de março a setembro de 2022. Os participantes do estudo foram profissionais que trabalharam na gestão, assistência ou em serviço de apoio nos momentos da primeira e segunda onda de covid-19, buscando compreender a gestão a partir de múltiplos olhares. Foram realizadas 22 entrevistas individuais com aplicação de um questionário estruturado sobre dados sociodemográficos e profissionais e um roteiro de entrevista semiestruturada, gravada e posteriormente transcrita, ambos específicos para cada categoria, contendo perguntas sobre a rotina e mudanças no processo de trabalho. Foi realizada a análise de conteúdo na modalidade temática.
Resultados e discussão Os resultados foram apresentados em duas categorias - “Mudanças iniciais: impacto e crise” e “Aprender a fazer”. Logo no início de 2020, durante a primeira onda, o hospital tornou-se referência para pacientes com covid-19 devido à estrutura física e de equipamentos já existentes. Diante disso teve a necessidade de reestruturar seu espaço físico para atender pacientes com covid-19 com mudanças nos recursos humanos, rotinas e serviços, exigindo dos gestores decisões rápidas para o gerenciamento da crise. A fim de implementar as ações necessárias para o momento, foi criado um Comitê de Operações de Emergência que estabeleceu fluxos assistenciais; gerenciamento de leitos, suprimentos, recursos humanos e comunicação institucional, assim como, condutas acerca do recebimento e tratamento dos pacientes com covid-19. Além disso, houve também a suspensão de alguns serviços eletivos, e a necessidade de lidar com os problemas advindos, como a insatisfação de pacientes que esperavam por resolver seus problemas de saúde e o agravamento de filas para o posterior atendimento. Essa decisão foi necessária para diminuir o risco de contaminação dos pacientes e profissionais, bem como, para liberar leitos e um quantitativo suficiente de profissionais a serem remanejados para o atendimento aos pacientes com covid-19. Dessa forma, vários profissionais foram remanejados de seus setores de origem, principalmente aqueles que tinham alguma experiência com pacientes críticos para poder assegurar a qualidade do cuidado, o que trouxe resistência e insatisfação, entretanto apesar desta dificuldade inicial houve uma ressignificação e vários profissionais relataram gratidão por contribuir para a melhora e cura dos pacientes. O desconhecimento acerca da nova doença e a necessidade de prestar uma assistência de qualidade levava os profissionais a organizarem suas condutas, no primeiro momento, baseados na experiência adquirida em seus setores de origem, mas exigiam da gestão informações e treinamentos. Assim, esse foi o principal desafio dos gestores entrevistados: a busca por informações sobre o manejo de pacientes com covid-19 para a elaboração e constante atualização de protocolos institucionais que pudessem nortear as equipes. Esses planos foram elaborados, inicialmente, com base nas recomendações do MS, da ANVISA e OMS e de artigos científicos que iam sendo publicados. O negacionismo existente no governo federal impactou a acreditação de muitos profissionais em relação às recomendações ministeriais o que trouxe mais divergências e dificuldades. Os profissionais entrevistados, que estavam na assistência direta aos pacientes, principalmente aqueles de nível médio, não conseguiam acompanhar as constantes atualizações de longos e detalhados protocolos. Esse foi outro desafio para a gestão que necessitava garantir a capilarização das atualizações a partir de capacitações, das coordenações e de formas criativas como vídeos curtos e comunicações via WhatsApp. Ainda assim, alguns profissionais acharam as capacitações insuficientes. É visível que houve mudança no processo de trabalho e que essa alteração ocorreu em todas as categorias profissionais.
Conclusões/Considerações finais Os diversos desafios que surgiram para a gestão durante a pandemia necessitaram de respostas e ações rápidas para organizarem as estruturas e serviços para o enfrentamento da pandemia. A gravidade dos casos somados à mudança repentina do processo de trabalho, caracterizou um cenário de medo e incertezas enfrentado pelos gestores e profissionais da saúde, entretanto tais vivências produziram um aprendizado técnico e relacional que pode ser capaz de subsidiar conhecimentos e estratégias para reduzir impactos em outras situações de futuras crise.
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