Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO33.6 - Covid 19

48132 - AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DE AGRICULTORES FAMILIARES EM PERNAMBUCO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
SABRINA FIRMINO DE MELO - UFPE, JULIANA GONÇALVES MACHADO - UFPE, THALITA MILENA ARAÚJO XAVIER DE AMORIM - UFPE, IZA CRISTINA DE VASCONCELOS MARTINS - IMIP, FERNANDA CRISTINA TAVARES DE LIMA PINTO - UFPE, PATRÍCIA NELLY ALVES MEIRA MENEZES - UPE, GILBERTO PEDRO DE LIMA - CONSEA-PE


Apresentação/Introdução
A agricultura familiar desempenha um papel fundamental na produção de alimentos, conservação do meio ambiente e promoção de uma alimentação saudável.
O compartilhamento de conhecimentos e práticas entre as famílias agricultoras incentiva a conservação do solo e da biodiversidade, promove técnicas agrícolas sustentáveis, favorece a preservação das paisagens rurais, incluindo áreas de vegetação nativa bem como reduz a exposição a pesticidas e produtos químicos, trazendo benefícios para a saúde dos consumidores (SIDDIQUE, 2017). Ao comparar o Censo Agropecuário de 2017 que revela a diminuição da população rural e unidades familiares produtoras, em relação com os dados econômicos do Caderno Setorial do Banco do Nordeste que apresenta o melhor crescimento no País, com a alta de 25,40% em relação a 2017, destaca-se a necessidade de promover o desenvolvimento das famílias agricultoras na região do Nordeste, garantindo seu fortalecimento e participação ativa no setor agrícola. O presente trabalho visa compreender potencialidades e desafios das organizações de agricultores familiares em Pernambuco, a fim de fornecer informações relevantes que contribuam para o subsídio de políticas públicas e programas de desenvolvimento rural.

Objetivos
Compreender as condições e o processo de trabalho de associações de agricultores familiares em Pernambuco.

Metodologia
Estudo transversal descritivo de abordagem qualitativa. A amostra consistiu em 14 representantes de associações de agricultores familiares do Estado de Pernambuco. Foram selecionadas associações que cumpriam os requisitos de agricultor familiar ou empreendedor rural definidos pela Lei nº 11.326/2006. Os dados foram coletados entre setembro/2021 e janeiro/2022 a partir da aplicação de um questionário respondido em entrevistas individuais virtuais.
O questionário continha 17 perguntas referentes à produção dos alimentos (tipos de alimentos produzidos, uso de pesticidas, produção orgânica, armazenamento, transporte, controle de qualidade e recursos humanos).

Resultados e discussão
O estudo contou com a participação de 14 associações, totalizando 560 famílias agricultoras que participam diretamente e 410 famílias indiretamente. Esses números destacam a relevância da agricultura familiar em Pernambuco como fonte significativa de alimentos e renda. Os alimentos mais produzidos são aves, ovos, suínos, feijões, milhos, frutas, hortaliças, legumes e tubérculos.
Identificaram-se desafios, como falta de assistência técnica e tempo para planejamento da produção em 10 das 14 organizações. O uso de agrotóxicos por nove organizações levanta preocupações sobre as condições de trabalho e saúde dos agricultores familiares e na sustentabilidade de suas atividades. É importante promover práticas agroecológicas e reduzir o uso de agrotóxicos a fim de garantir a saúde dos agricultores, a preservação ambiental e a segurança dos alimentos produzidos.
A origem das sementes também é relevante, com 10 organizações utilizando tanto sementes crioulas quanto transgênicas, o que mostra a necessidade de promover a conscientização sobre a importância das sementes crioulas para a preservação da biodiversidade e a autonomia dos agricultores na produção de alimentos.
A infraestrutura para armazenamento e transporte dos produtos é crítica, com apenas 5 organizações possuindo local específico para armazenamento e apenas uma que apresenta estrutura adequada. Essa falta de infraestrutura pode comprometer a qualidade dos alimentos, gerar perdas da produção e dificultar o acesso a mercados mais distantes. Investimentos nesse aspecto são necessários para melhorar as condições de trabalho e aumentar a eficiência da comercialização dos produtos.
Apenas 5 organizações adotam práticas de produção orgânica/agroecológica, que beneficia a saúde dos agricultores e consumidores e agrega valor aos produtos, possibilitando melhores oportunidades de mercado.
O acesso ao crédito e apoio financeiro se mostrou limitado para 10 organizações, enfrentando desafios como margens de lucro pequenas e burocracias. A orientação financeira também é necessária para várias organizações, apenas 5 delas recebem algum tipo de orientação. É fundamental que políticas públicas e programas de desenvolvimento rural ofereçam suporte financeiro adequado, simplifiquem os processos burocráticos e forneçam orientação para os agricultores familiares, permitindo que eles fortaleçam suas atividades econômicas de forma sustentável.

Conclusões/Considerações finais
Os dados obtidos neste estudo revelam desafios importantes enfrentados pelos agricultores familiares, como a falta de assistência técnica, o uso de agrotóxicos, a infraestrutura precária, a baixa adoção de práticas agroecológicas, as dificuldades de acesso ao crédito e a falta de orientação financeira frente ao contexto sanitário de pandemia da COVID-19.