46856 - GESTÃO HOSPITALAR E AS RELAÇÕES PROFISSIONAIS EM TEMPOS DE PANDEMIA: CONFLITOS, NEGOCIAÇÕES E COOPERAÇÃO POLIANA SOARES DE OLIVEIRA - UFMA, ZENI CARVALHO LAMY - UFMA, JHENNYFER BARBOSA DE OLIVEIRA MANTESSO - CEUMA, LARISSA DA COSTA VELOSO - UFMA, LUIZA DE KATULICA RODRIGUES OLIVEIRA - UFMA, JOYCE SANTOS LAGES - UFMA, LEIDY JANETH ERAZO CHAVEZ - UFMA, RUTH HELENA DE SOUZA BRITTO FERREIRA DE CARVALHO - UFMA
Apresentação/Introdução A pandemia de covid-19 representou um grande desafio para a gestão hospitalar em todo o mundo. A gestão de pessoal em saúde se tornou um elemento central nesse contexto. Em situações de normalidade, dentro de um cenário epidemiológico sem epidemia, já se observam recorrentes conflitos envolvendo áreas técnico-assistenciais e gerenciais. E quando diante da necessidade de decisões críticas como resposta à pandemia, por SARS-CoV-2, associada à situação de máximo alarme social e às condições difíceis de trabalho, surge um espaço com grande sobrecarga emocional, reações de estresse agudo e outras problemáticas. Essa situação, agravada pelas condições das equipes de saúde em um ambiente de máxima tensão, restrições físicas e emocionais, causou um grande impacto na rotina do ambiente hospitalar. Nesse sentido, torna-se relevante trazer à tona as nuances sobre os ajustes e reajustes realizados pela gestão hospitalar para o gerenciamento dos serviços, durante o período de pandemia da covid-19, oportunizando uma reflexão sobre o trabalho e relações interprofissionais.
Objetivos Compreender as mudanças nas relações entre gestores e trabalhadores da saúde durante a pandemia de covid-19.
Metodologia Pesquisa com abordagem qualitativa, exploratória, do tipo estudo de caso, desenvolvida em um hospital universitário de uma capital do nordeste brasileiro, no período de março a setembro de 2022. Os participantes foram 22 profissionais lotados na gestão, assistência ou em serviço de apoio nas primeira e segunda ondas da covid-19. Foram realizadas entrevistas presenciais ou online, gravadas e posteriormente transcritas, do tipo semiestruturadas individuais com aplicação de questionário estruturado e roteiro de entrevista. Foi utilizada análise de conteúdo na modalidade temática. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de acordo com os princípios delineados na Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde - CNS, CAAE n° 46698921.5.0000.5086.
Resultados e discussão São apresentados a partir de duas categorias: “Na linha de frente: enfrentando o vírus e os medos” e “Da resistência à cooperação”. Para os gestores, o cenário era desafior. Cabia a eles garantir a assistência aos pacientes com covid-19 e para isso era necessário contar com profissionais assustados e inseguros que frequentemente se recusavam a trabalhar na assistência junto a pacientes com covid-19. Os trabalhadores da saúde não se sentiam seguros em ir para a “linha de frente”, gerando situações conflitantes. Os gestores relataram sobre os dilemas enfrentados entre o reconhecimento do sofrimento dos profissionais e a necessidade de montar as escalas e organizar as equipes de trabalho. Como forma de mediar essa situação, garantindo a proximidade com os demais profissionais, e suprir a demanda de atendimentos, alguns gestores também se inseriram na assistência e devido a duplicidade de função exercida, se depararam com a quebra de sua rotina e experienciaram cansaço e exaustão. Contudo, os profissionais foram, paulatinamente, construindo um processo de trabalho mais colaborativo, diferindo da resistência inicial em prestar assistência aos pacientes com covid-19. O sentimento de cooperação e pertencimento entre as categorias de trabalhadores ganhou uma nova configuração. Com o intuito de compreender a nova doença que surgia e traçar um plano de assistência para os pacientes, os profissionais de saúde se perceberam em meio a uma necessidade de estreitar relações, tanto entre si, quanto com as categorias administrativas, buscando conhecimento e aperfeiçoamento para reduzir as dificuldades que se apresentavam, dessa forma, após a experiência da covid-19, houve uma mudança no modelo de atenção e os profissionais passaram a atuar com maior interdisciplinaridade e integração da equipe multiprofissional. Por fim, no contexto do trabalho em equipe e nas relações estabelecidas, a motivação e vontade de contribuir, foram sensações destacadas dentre as falas de gestores e profissionais de saúde da atenção hospitalar que prestaram atendimento a pacientes com covid-19. Esse resultado pode estar relacionado à gestão participativa existente no local do estudo em questão, gestão essa que buscou atender as necessidades dos trabalhadores e inseri-los nos processos de decisão.
Conclusões/Considerações finais A gestão dos desafios enfrentados durante a pandemia de covid-19 trouxe a necessidade de mediação de conflitos, inerentes às relações de trabalho e exacerbados pela situação de crise. As gerências buscaram realizar uma gestão participativa com o objetivo de minimizar os impactos das mudanças. As falas de gestores e profissionais evidenciaram que, após o momento inicial de resistência, os profissionais foram construindo um processo de trabalho mais colaborativo envolvendo as diferentes categorias profissionais, resultando no fortalecimento das equipes multiprofissionais, muitos profissionais sentiram-se essenciais no cuidado aos pacientes com covid-19 e destacaram a valorização e o reconhecimento de sua importância profissional.
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