22/11/2021 - 09:00 - 18:00 PE08 - Epidemiologia da saúde do adulto (TODOS OS DIAS) |
34267 - ABORTO INSEGURO: REVISÃO SISTEMÁTICA DA PRODUÇÃO CIENTIFICA NO BRASIL (2008-2018) ROSA MARIA SOARES MADEIRA DOMINGUES - INSTITUTO NACIONAL DE INFECTOLOGIA EVANDRO CHAGAS, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (RJ/BRASIL), SANDRA COSTA FONSECA - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (RJ/BRASIL), MARIA DO CARMO LEAL - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (RJ/BRASIL), ESTELA M. L. AQUINO - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (SALVADOR/ BRASIL), GREICE MARIA DE SOUZA MENEZES - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (SALVADOR/ BRASIL)
Objetivo: Atualizar o conhecimento sobre aborto inseguro no país.
Método: Revisão sistemática da literatura cientifica, desenvolvida por duas pesquisadoras, selecionou estudos via MEDLINE e LILACS, sem restrição de idiomas, entre 2008-2018. Cinquenta artigos elegíveis foram avaliados segundo procedimentos do Instituto Joanna Briggs.
Resultados: Há variação de estimativas segundo método utilizado. Em inquéritos nacionais, por método direto, a prevalência foi de 15% (2010) e 13% (2016), sem redução significativa no período, sendo mais elevada entre segmentos socialmente mais vulneráveis. Por método indireto, a razão aborto/1.000 mulheres em idade fértil apresentou redução entre 1995 e 2013 (16/1000), de forma heterogênea no país. Abortivos medicamentosos substituíram métodos agressivos. Entre 1992-2009 documenta-se menor número de internações por complicações do aborto, particularmente as mais graves, provavelmente pelo acesso a métodos mais seguros, com impacto na morbimortalidade materna. Contudo, apesar da frequência reduzida de óbitos, relativamente às demais causas obstétricas, o risco de morte permanece elevado em contextos específicos e persiste o sub-registro destes óbitos. Impactos à saúde mental merecem investigações mais aprofundadas, sobretudo no contexto brasileiro de criminalização e estigmatização nos serviços de saúde.
Conclusão: o recurso ao aborto é frequente no Brasil, sendo maior entre mulheres solteiras, de baixa renda e negras, implicando sofrimento evitável, complicações à saúde, inclusive letais, e custos sociais elevados, inclusive ao sistema de saúde. O acesso a métodos mais seguros de interrupção da gravidez provavelmente contribuiu para a redução de complicações. Entretanto, metade das mulheres ainda recorre a métodos não medicamentosos e o número de internações é elevado.
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