22/11/2021 - 09:00 - 18:00 PE11 - Epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) - Diabetes (TODOS OS DIAS) |
36749 - ASSOCIAÇÃO ENTRE ANCESTRALIDADE GENÉTICA E DIABETES TIPO 2 –ELSA-BRASIL PAULA A. BRACCO - UFRGS, BRUCE B. DUNCAN - UFRGS, ALEXANDRE C. PEREIRA - INCOR, ANTONIO A. LOPES - UFBA, ISABELA BENSENOUR - USP, PEDRO G. VIDIGAL - UFMG, CRISTINA CASTILHOS - UFRGS, MARIA INÊS SCHMIDT - UFRGS
Objetivo: Investigar a associação entre ancestralidade Africana e Ameríndia e a presença de diabetes tipo 2 em adultos, incluindo o efeito de possíveis mediadores, separadamente para homens e mulheres.
Métodos: ELSA-Brasil é uma coorte ocupacional multicêntrica com extensa avaliação fenotípica. Marcadores informativos, capturaram a ancestralidade genética tri-híbrida da população brasileira (Europeia, Africana e Ameríndia). Os efeitos de mediação de fatores socioeconômicos, comportamentais e cardiometabólicos foram investigados utilizando-se análise de mediação múltipla.
Resultados: Em regressão de Poisson com variância robusta ajustado para idade, sexo e centro de estudo, um aumento de 50% nos marcadores de ancestralidade Africana associou-se com 53% maior prevalência de diabetes (RP:1.53; 1,40-1.67). No entanto, observou-se interação significativa da ancestralidade Africana com sexo (p=0.0018) e, com o ajuste máximo, maior ancestralidade Africana associou-se à maior prevalência de diabetes nas mulheres (RP:1.34; 1.12-1.61), mas não nos homens (RP:0.99; 0.83-1.19). Em mulheres, fatores socioeconômicos e de estilo de vida mediaram 38.0%(15.1%-60.9%) dessa associação. Adição de fatores cardiometabólicos e de raça auto-referida aumentaram o efeito indireto de mediação para 56.7% (34.1%-79.2%), permanecendo 43.3% (20.8%-65.9%) de efeito direto, provavelmente genético.
Conclusões: Em mulheres brasileiras, a ancestralidade Africana conferiu maior susceptibilidade ao diabetes, em grande parte mediada por fatores adicionais ambientais e cárdiometabólicos. O efeito direto final, presente apenas em mulheres, sugere que pressões evolucionárias na África teriam selecionado genes metabólicos para favorecer a reprodução em ambientes desfavoráveis, mas em ambientes de fartura, esses genes predisporiam ao diabetes.
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