24/11/2021 - 14:00 - 15:10 COC 42 - EPIDEMIOLOGIA DO CURSO DE VIDA, DESIGUALDADES E DISCRIMINAÇÃO EM SAÚDE |
33351 - DISCRIMINAÇAO RACIAL PERCEBIDA, VIOLÊNCIA E USO DE DROGAS ENTRE ESCOLARES BRASILEIROS ALESSANDRA APARECIDA DA SILVA MENEZES - UNIFESP, ZILA M. SANCHEZ - UNIFESP, RICHARD MISKOLCI - UNIFESP
Objetivos: Examinar associação de discriminação racial percebida (DRP) com violência e uso drogas em amostra representativa dos escolares brasileiros. Métodos: Analisamos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)-2015, com 102.072 alunos do 9º ano das capitais e interiores das cinco regiões brasileiras. Consideramos cor-raça como nos censos (categorias: branca; preta; parda; amarela; indígena). Dicotomicamente, conforme ocorreram ou não nos 30 dias anteriores à pesquisa, definimos usos de álcool, tabaco e drogas-ilícitas. De modo análogo, obtivemos DRP (intimidação sofrida por causa da cor-raça) e violência (prática de intimidação na escola). Com auxílio do Programa-R, exploramos as associações de interesse com razões de prevalências (RP) estimadas por modelos quasi-Poisson, em análises de dados-imputados e casos-completos, ambas incorporando a complexidade amostral. Resultados: Modelos ajustados por fatores econômico-sociodemográficos mostraram maiores discrepâncias nas prevalências de DRP entre meninas-indígenas (RP=5,0; 95%IC:3,0-8,0) e meninas-pretas (RP=12,0; 95%IC:8,0-16,0) quando comparadas às meninas-brancas do que entre meninos-indígenas (RP=4,0; 95%IC:2,0-5,0) e meninos-pretos (RP=6,0; 95%IC:4,0-7,0) quando comparados aos meninos-brancos. Independentemente dos fatores econômico-sociodemográficos, DRP associou-se à violência (RP=1,6; 95%IC:1,4-1,8) e aos usos de álcool (RP=1,4; 95%IC:1,2-1,5) e tabaco (RP=1,4; 95%IC:1,1-1,7). Conclusões: Os resultados sugerem que escolares pertencentes a grupos estigmatizados possuem risco diferencial para a prática de violência e usos de álcool e tabaco. Programas de prevenção ao uso de drogas e violência aplicados em escolas podem alcançar maior efetividade com adoção de explícitas estratégias antirracistas. Não se descarta, contudo, a importância de amplas ações de promoção de saúde e redução de desigualdades sociais no trato deste problema.
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