26/11/2019 - 08:30 - 10:00 DT2 - VISA no SUS - Planejamento e Gestão - Intersetorialidade e o Trabalho da VISA |
31971 - UM SURTO DE TOXIINFECÇÃO ALIMENTAR E A DIFICULDADE DE INTEGRAÇÃO ENTRE VIGILÂNCIA E ATENÇÃO. BAHIA, 2018. ALEX SOUZA DE MIRANDA - NÚCLEO REGIONAL DE SAÚDE SUL DA BAHIA, RITA DE CÁSSIA OLIVEIRA DE CARVALHO SAUER - NÚCLEO REGIONAL DE SAÚDE LESTE DA BAHIA, ANALY MARQUARDT DE MATOS - NÚCLEO REGIONAL DE SAÚDE LESTE DA BAHIA
A integração das ações da vigilância e atenção é proposta tanto da Política Nacional de Atenção Básica quanto da Política Nacional de Vigilância em Saúde, e pauta discutida pelo setor saúde há décadas, no entanto, sua efetiva concretização permanece sendo um desafio. O presente relato tem por objetivo refletir sobre os prejuízos à proteção à saúde decorrentes da falta de integração entre vigilância e atenção, a partir da experiência de investigação de um surto de toxiinfecção alimentar após uma festa de aniversário, numa região da Bahia, em 2018. A detecção do surto ocorreu após admissão de mais de 50 participantes de uma festa, apresentando sintomas gastrintestinais agudos, na emergência de um hospital localizado em município vizinho ao que sediou a referida comemoração. Foi realizada coleta de dados e espécimes clínicos desses pacientes, porém, a equipe de vigilância em saúde do município onde a festa ocorreu não realizou investigação epidemiológica dos demais comensais, apenas coletou amostras de alimentos suspeitos para envio ao laboratório de saúde pública. No dia seguinte, identificou-se ter havido atendimento de um número indeterminado de pacientes provenientes da mesma festa, em outro hospital, de outro município da região, que por sua vez não notificou a vigilância, tampouco coletou materiais para análise laboratorial. Os exames dos pacientes atendidos no primeiro hospital não identificaram o agente etiológico, mas as análises bromatológicas dos alimentos e água coletados na festa revelaram altas contagens de coliformes termotolerantes, estafilococos coagulase positiva e Bacillus cereus, sendo esta a provável causa do surto. Não houve registro de óbito e no terceiro dia após o evento, todos os casos notificados já haviam tido alta por melhora clínica. Esta experiência evidenciou uma grande dificuldade para integrar e coordenar ações de vigilância e atenção, especialmente num surto com número elevado de pessoas afetadas e envolvimento de unidades de saúde e equipes de vigilância de três diferentes municípios. Apesar da constatação das prováveis fontes de contaminação alimentar, a dificuldade de integração das ações resultou em subnotificação e falha nos fluxos de vigilância, que prejudicaram a caracterização e compreensão do surto. Urge a superação do antigo modelo de profissionais e serviços atuando segundo suas próprias rotinas, em desarticulação intersetorial, para que a integralidade do cuidado objetivada pelo SUS não seja apenas uma retórica.
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