26/11/2019 - 08:30 - 10:00 DT10 - VISA de Produtos - Alimentos/Controle Sanitário - Análises Laboratoriais |
32283 - RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM FEIJÃO: UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O MONITORAMENTO JHESSICA NAYARA MARTINS - INCQS/FIOCRUZ, LUCIA HELENA PINTO BASTOS - INCQS/FIOCRUZ, ANGÉLICA CASTANHEIRA DE OLIVEIRA - INCQS/FIOCRUZ, MARIA HELENA WOHLERS MORELLI CARDOSO - INCQS/FIOCRUZ
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) faz parte do cardápio brasileiro, sendo um produto de baixo custo e de fácil oferta, além de ser fonte de proteínas, vitaminas, minerais e outros nutrientes, podendo reduzir a incidência de doenças como anemia e desnutrição. O Brasil é o terceiro maior produtor de feijão do mundo, sendo cerca de 90% da produção direcionada ao consumo interno. O feijoeiro é uma planta de ciclo curto e resistente a variações hídricas, possibilitando seu cultivo nos três períodos de safra anual e em todas as regiões do país. Durante o cultivo, podem ser usados agrotóxicos em quaisquer partes e etapas de desenvolvimento da planta sendo, até o momento, mais de 160 ingredientes ativos (IA) registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para uso nesta cultura. A preocupação com a exposição aos agrotóxicos tem sido crescente devido a estudos que relacionam a exposição crônica a esses resíduos com possíveis efeitos adversos à saúde. No Brasil, dois programas monitoram agrotóxicos em vegetais, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da ANVISA, e o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/VEGETAL), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No último relatório do PARA (período de 2013 a 2015) foram analisadas 764 amostras de feijão, sendo 55 insatisfatórias. Além desses dados, cerca de 64% apresentaram resíduos de carbendazim, sendo importante a avaliação de sua ingesta bem como a sua ação toxicológica. Os últimos resultados do PNCRC - safras 2014/15 - apresentaram 100% de satisfatoriedade para as 51 amostras de feijão analisadas. Estes resultados expressam a pesquisa de apenas 207 e 128 substâncias no PARA e no PNCRC, respectivamente, porém há mais de 500 IAs registrados no Brasil e relatos do uso de substâncias proibidas no país. Estes programas são importantes para avaliar se os agricultores estão fazendo o uso correto e legal dos agrotóxicos. Além de permitir estimar a exposição da população a resíduos de agrotóxicos em alimentos e seus riscos à saúde. Entretanto é preciso ter políticas públicas que estimulem a continuidade, ampliação para outras matrizes de alimentos e água, bem como promover estudos que desenvolvam metodologias de análise mais abrangentes quanto aos agrotóxicos encontrados em produtos de alto consumo, como o carbendazim entre outros, a fim de fornecer dados que possam garantir o uso seguro dessas substâncias.
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