26/11/2019 - 08:30 - 10:00 DT11 - VISA de Produtos - Alimentos/Controle Sanitário - Novas Práticas |
31732 - A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NA EFETIVIDADE DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA: RELATO DA EXPERIÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO DE CASO DE SÍNDROME HEMOLÍTICA URÊMICA NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS FABIANA PAVANI DA SILVA - PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS, ANA LÚCIA MONTINI RIBEIRO - PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS, KARINA DE LEMOS SAMPAIO - PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS, LILIAN GOULART SCHULTZ - PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS
Este relato traz a experiência da Vigilância Sanitária (VS) na investigação conjunta com a Vigilância Epidemiológica (VE) de caso de Síndrome Hemolítico Urêmica (SHU) notificado em 27/11/18 em paciente de 26 anos internada em hospital de Campinas.
A SHU é uma doença grave, frequentemente ocorrendo após episódios de diarreia com sangue. A de maior relevância epidemiológica é a de origem infecciosa causada pelas bactérias Escherichia coli (E. coli) produtoras da toxina Shiga (STEC), relacionada à transmissão alimentar.
Inicialmente, parecia tratar-se de um caso isolado, sem a associação com um surto de doença transmitida por alimentos (DTA). Apesar da paciente ter sintomas sugestivos de infecção por STEC, evoluindo para insuficiência renal aguda, os exames laboratoriais não foram conclusivos sobre a presença de STEC. Porém, por tratar-se de importante agravo em saúde pública, as equipes persistiram no acompanhamento do caso, realizando inspeções e colheitas de amostras de alimentos nos locais onde a paciente havia realizado refeições (considerando o período de incubação). Não foram encontrados graves problemas sanitários e os resultados das análises foram satisfatórios. Insistiu-se na interlocução com a paciente, familiares e colegas de trabalho de forma a identificar outros possíveis casos.
Enfim, no local de trabalho da paciente identificou-se uma refeição suspeita entre ela e outros funcionários, onde sete pessoas apresentaram diarreia, cólicas intensas e náuseas.
O inquérito epidemiológico demonstrou que a refeição suspeita era um prato de espaguete com frutos do mar consumida em restaurante no dia 16/11/18. A equipe da VS fez inspeção no local, que se encontrava em precárias condições sanitárias, o que levou à interdição total do estabelecimento até as devidas correções para eliminação do risco à saúde.
Apesar do tempo decorrido, optou-se pela colheita dos alimentos suspeitos para fins de análise, dada a possibilidade de uma contaminação recorrente. Os resultados não revelaram o desenvolvimento de cepas patogênicas de E.coli, mas todos os resultados foram insatisfatórios, reforçando a precariedade do restaurante até a interdição.
A experiência demonstra como a troca de informações pode aumentar a eficiência da ação da VS, que deve ter o conhecimento epidemiológico como um dos principais instrumentos. O empenho das equipes neste episódio foi fundamental para a identificação de um surto de DTA e intervenção numa situação de alto risco sanitário.
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