Discussão Temática

27/11/2019 - 08:30 - 10:00
DT17 - VISA e Meio Ambiente - Água para Consumo Humano

32363 - INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E MORTALIDADE POR NEOPLASIAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DANIELE GONÇALVES NUNES - IFRJ/UERJ, CARLOS JOSÉ SALDANHA MACHADO - FIOCRUZ, JULIO CESAR BARRETO DA SILVA - UERJ


Este trabalho busca discutir a relação entre água e saúde através dos dados de mortalidade por neoplasias e indicadores de qualidade da água servida no Estado do Rio de Janeiro, caracterizado por seu elevado grau de urbanização e desenvolvimento de atividades industriais e agrícolas. Sabemos que neoplasias são doenças multifatoriais, sendo difícil determinar uma causa única. No entanto, conforme o Instituto Nacional do Câncer (2018), o ambiente pode ser um desses fatores, estando entre 80 a 90% dos casos de câncer (neoplasias malignas). O presente trabalho analisa as mortalidades por neoplasias com indicadores de qualidade dos serviços de água com base em dados secundários nas bases dos Sistemas de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS/Ministério da Saúde-MS) e de Informação sobre Saneamento (SNIS). A leitura dos dados baseia-se na técnica estatística de Correlação de Pearson (MOORE, 2007), via Programa gratuito R-Project, versão 3.5.3, para testar 25 variáveis explicativas para mortalidade por neoplasias, no período de 2007 a 2014 (CONAS; MS, 2019). Maior correlação e nível de significância à mortalidade foi apresentada pelos indicadores de qualidade da água QD027 (quantidade de amostras para coliformes totais com resultados fora do padrão) e pelo IN071 (economias atingidas por paralisações) e respectivamente, 61,07% e 24%, ambos a um p-valor < 0,001. A presente correlação não implica uma relação direta de causa e efeito, porém aponta para a necessidade de um aprofundamento de investigação científica. No Brasil, o tratamento mais comum de água é do tipo convencional, sendo pouco eficiente para remoção de substâncias orgânicas e inorgânicas (SECKLER, 2017), como por exemplo, agrotóxicos. Isto pode indicar que o tratamento convencional contem falhas ou pode não estar sendo eficiente para a remoção de contaminantes para os quais não foi dimensionado. Flores et.al. (2004) e Faria et. al. (2007) evidenciam as possíveis relações entre água, câncer e agrotóxicos, corroborando com o mapa da situação da água para consumo humano, a partir de dados do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água - SISAGUA (Repórter Brasil e Pública & Public Eye, 2019), o qual aponta níveis acima do permitido para diversos agrotóxicos. Portanto, é imprescindível que se conheça a qualidade da água fornecida pelo tratamento convencional como forma de garantir o direito humano à água.

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