26/11/2019 - 16:30 - 18:00 CC4 - Vigilância Sanitária de Medicamentos e Sangue |
31972 - REAÇÕES ADVERSAS NEUROPSIQUIÁTRICAS EM PESSOAS VIVENDO COM HIV EM INÍCIO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL COM DOLUTEGRAVIR EM BELO HORIZONTE JULLYE CAMPOS MENDES - UFMG, ADRIANO MAX MOREIRA REIS - UFMG, MARIA DAS GRAÇAS BRAGA CECCATO - UFMG, MARIANA DIAS LULA - UFMG, MICHELINE ROSA SILVEIRA - UFMG
Introdução: O dolutegravir (DTG), um inibidor da integrase, foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde desde 2017 como um dos medicamentos do esquema preferencial para início do tratamento do HIV no Brasil. Estudos recentes descrevem reações adversas neuropsiquiátricas com o uso do DTG, sendo importante a farmacovigilância deste medicamento. Objetivo: Descrever o perfil da população que iniciou terapia antirretroviral (TARV) com o esquema de DTG e determinar a prevalência de reações adversas neuropsiquiátricas. Metodologia: Estudo seccional com indivíduos com idade ≥ 13 anos, com até 6 meses de uso do esquema tenofovir, lamivudina e DTG, entrevistados entre setembro de 2016 e outubro de 2017 em dois serviços de referência em HIV em Belo Horizonte. As características sociodemográficas, comportamentais e relacionadas à TARV foram coletadas por meio de questionários estruturados. As reações adversas autorrelatadas foram categorizadas em neuropsiquiátricas e não neuropsiquiátricas. Dados do esquema antirretroviral em uso foram obtidos do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM). As análises estatísticas descritivas foram realizadas no software SPPS v.22. Resultados: Do total de 145 pacientes em uso de DTG, 82,8% eram do sexo masculino e 84,1% tinham idade entre 20 e 49 anos, com média de 34 anos. Observou-se que 51,0% fizeram uso de drogas ilícitas na vida e 72,2% consumiram álcool no último mês. A prevalência de reações adversas foi elevada (77,2%), sendo a média de 3,31 reações (DP=2,31). Foram descritas um total de 402 reações adversas ao DTG, sendo 163 (40,5%) neuropsiquiátricas. Dentre as pessoas que apresentaram reação adversa (n=112), 89 indivíduos (79,5%) tiveram reações neuropsiquiátricas e 90 indivíduos (80,4%) apresentaram reações não neuropsiquiátricas. As principais reações neuropsiquiátricas autorrelatadas foram: dor de cabeça (56,2%), insônia (40,4%), tonteira (39,3%), pesadelo (25,8%), alucinação (9,0%) e sonolência (7,9%). Dentre as reações adversas não neuropsiquiátricas foram mais frequentes náusea (51,1%), cansaço (42,2%), azia ou dor no estomago (40,0%) e diarreia (35,6%). Conclusões: A maioria dos indivíduos era do sexo masculino e da faixa etária de 20 a 49 anos, sendo elevado o consumo de drogas ilícitas e álcool. A prevalência de reações adversas neuropsiquiátricas com o esquema contendo DTG foi alta. Os resultados evidenciam a necessidade de monitorar a segurança da TARV com DTG e o impacto na adesão ao tratamento.
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