27/11/2019 - 14:00 - 16:00 CC6 - Serviços de Interesse da Saúde, Saúde de Trabalhadores e Ambientes |
31847 - SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA COMPARAÇÃO ENTRE TRABALHADORES RURAIS EXPOSTOS A AGROTÓXICOS E AGRICULTORES FAMILIARES COM PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS CARLA WERNECKE PADOVANI GONZAGA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS, ANTÔNIO PRATES CALDEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
Na literatura científica há diversos estudos toxicológicos, clínicos e epidemiológicos que apontam associações entre exposição a agrotóxicos e danos à saúde humana, em especial desordens psiquiátricas. Não obstante, o modelo de desenvolvimento agrário brasileiro vem privilegiando o uso intensivo de agrotóxicos. Em contraposição, a agroecologia é um movimento que representa um modelo de desenvolvimento agrícola sustentável, sem o uso de agrotóxicos. Objetivou-se comparar a presença de sintomas de sofrimento mental na atenção primária à saúde entre dois grupos populacionais: trabalhadores rurais com exposição ambiental a agrotóxicos e trabalhadores rurais com práticas agroecológicas. Trata-se de um estudo transversal em que foram entrevistados 597 indivíduos, no norte de Minas Gerais, alocadas em dois grupos. O primeiro grupo constituído por pessoas que residiam dentro do perímetro agrícola irrigado do Vale do Gorutuba, nas adjacências de monoculturas de banana, convivendo com a prática da pulverização aérea de agrotóxicos. O segundo grupo, formado por agricultores familiares com práticas agroecológicas, provenientes de comunidades rurais da mesma microrregião, porém distantes mais de 30 Km do perímetro irrigado, e servidos por outras fontes hídricas que não o rio Gorutuba. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário Self-Reporting Questionnaire 20 items (SRQ-20), proposto pela Organização Mundial de Saúde e validado no Brasil para estudo de distúrbios psiquiátricos na Atenção Primária. A proporção dos sintomas de sofrimento mental entre os dois grupos foi verificada através do teste estatístico qui-quadrado, assumindo-se um nível de significância de 5% (p<0,05). A chance de trabalhadores rurais com exposição ambiental a agrotóxicos serem portadoras de transtornos mentais menores foi 60% maior em relação a agricultores familiares com práticas agroecológicas. As pessoas expostas a agrotóxicos apresentam chance 159% maior de apresentarem ideações suicidas quando comparadas a pessoas não expostas a agrotóxicos. Na Atenção Primária, as formas de adoecimento e morte relacionadas aos efeitos de agrotóxicos ainda precisam ser melhor conhecidas, de forma a aprimorarem as práticas do cuidado em saúde das populações rurais.
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