29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC24c - Gilberto dos Santos, atenção integral às Pessoas com Doença Falciforme  | 
        
        
		  
					 
          				
						 24724 - “POR VOCÊ SER NEGRA E POBRE, TEM ESSE DIREITO NEGADO” – UM ESTUDO SOBRE DIREITOS REPRODUTIVOS DE MULHERES NEGRAS COM DOENÇA FALCIFORME EM SALVADOR GABRIELA DOS SANTOS SILVA - UFBA, CLARICE SANTOS MOTA - UFBA, LENY ALVES BOMFIM TRAD - UFBA
					
  
					Apresentação/Introdução Distinguir os direitos reprodutivos das mulheres com DF, é evidenciar as mulheres negras enquanto as mais atingidas, tendo em vista o racismo estrutural enraizado nas políticas, serviços de saúde e práticas de cuidados. Assim, a análise do conteúdo do programa de triagem populacional referente às questões reprodutivas e raciais torna-se fundamental para constatar os estigmas associados a doença.
  
 	Objetivos Compreender qual a percepção de mulheres negras com doença falciforme acerca de direitos reprodutivos e questões raciais, a partir da discussão do conteúdo de um programa de triagem populacional voltado à identificação de pessoas com traço ou DF. 
  
 	Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo exploratório, sob a perspectiva feminista e antirracista. Adotou-se como estratégias metodológicas a análise documental – no qual os materiais utilizados foram as cartas de denúncia e documentos da Associação Baiana de Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias, diário oficial do município e o site do programa –, e entrevistas em profundidade com dez mulheres negras com doença falciforme, com idades variando entre 20 e 49 anos de idade, moradoras de bairros periféricos e populares da cidade de Salvador, oriundas de famílias de baixa renda. O material produzido por ambas as fontes foi analisado à luz da análise de discurso de Michel Foucault.
  
 	Resultados A indiligência dos direitos reprodutivos era uma das fontes causadora de sofrimento das interlocutoras, devido aos impactos subjetivos e psicológicos ao escolher exercer a maternidade. O programa de triagem populacional, com o discurso de prevenção de doentes, privaria as mulheres nas escolhas reprodutivas, negando seus direitos e sua autonomia. Assim, constatou-se a relação do programa com estratégias eugênicas e racistas, o que provocaria implicações éticas, políticas e sociais. Ressalta-se que o programa não foi implementado, mas a prática excludente e discriminatória ainda recai sobre as mulheres com DF, já que além de sofrerem discriminação, são culpabilizadas pelo desejo de ter filhos. 
  
 	Conclusões/Considerações A luta pela atenção à saúde de qualidade das mulheres negras com doença falciforme é um desafio, devido a tantas mazelas que perpassam suas vidas, sobretudo, o racismo. A luta passa, necessariamente, pela concretização das políticas do Sistema Único de Saúde, no combate todas as formas de desigualdades sociais, raciais e de gênero, contribuindo para dar fim a cultura de violência e subalternidade das mulheres negras.
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