29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC24c - Gilberto dos Santos, atenção integral às Pessoas com Doença Falciforme |
25339 - A ANEMIA FALCIFORME: OS DOIS LADOS DA MOEDA KÉSIA MARISLA RODRIGUES DA PAZ - UFMT/UNEMAT, RENI APARECIDA BARSAGLINI - UFMT
Apresentação/Introdução A anemia falciforme é a doença mais comum entre os brasileiros e mais prevalente na população negra. Concebida no país como uma doença ético-racial e negligenciada é considerada como um importante problema de saúde pública perpassado por desigualdades históricas. Seu significado no campo das relações raciais se expressa de maneiras diferenciadas, concebidas nesse estudo em duas principais facetas.
Objetivos Como parte das reflexões teóricas de pesquisa de doutorado, buscamos descrever a construção histórica e social da anemia falciforme no contexto brasileiro a partir de duas perspectivas centrais, que evidenciam polaridade diferenciada em torno do tema.
Metodologia Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, alinhado à linha de pensamento compreensiva, norteado por reflexões teóricas e revisão bibliográfica acerca da temática central anemia falciforme e saúde da população negra. Foram realizadas reflexões teóricas à luz dos conceitos de racismos, doenças étnico-raciais e doenças negligenciadas. Para complementar essas reflexões foram feitas pesquisas bibliográficas a partir da biblioteca virtual de saúde, com o uso dos descritores anemia falciforme e população negra. Esse estudo foi norteado pelo seguinte questionamento: Quais os significados individuais e coletivos da anemia falciforme, considerando a sua expressão clínica, histórica e social na sociedade brasileira?
Resultados A construção histórica em torno da anemia falciforme e sua relação com o negro mostra-se permeada por duas “faces da moeda”. A primeira desvela o ônus gerado pelo seu caráter biológico que se expressa na corporeidade e nas relações sociais das pessoas adoecidas, como limitações na sociabilização, permanência no mercado de trabalho formal e relação intensa com os serviços de saúde e a insuficiência de políticas públicas. A segunda indica o seu significado positivo enquanto ação coletiva como pauta de lutas no Movimento Negro, em prol desse seguimento populacional, desde os anos 1990. É usada como plataforma política e de fortalecimento da identidade racial e redução das iniquidades raciais.
Conclusões/Considerações A análise da anemia falciforme, no contexto brasileiro, deve transcender à sua dimensão biológica e efeitos deletérios na saúde dos adoecidos e relações interpessoais. É necessário abarcar a outra face da moeda, os ganhos políticos em torno da temática, para que esse fenômeno complexo seja explicitado, fortalecendo o direito à saúde e, dessa forma, contribua com a promoção da saúde integral da população negra.
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