26/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO6a - Saúde nas mídias (pesquisas)  | 
        
        
		  
					 
          				
						 23280 - NA EMERGÊNCIA, O SILÊNCIO: OS SENTIDOS DA DESIGUALDADE NA COBERTURA NOTICIOSA DA CORRELAÇÃO ENTRE ZIKA E MICROCEFALIA PELO JORNAL NACIONAL MARINA DE CASTRO FERREIRA SARAIVA CARVALHO - PPGICS/ICICT/FIOCRUZ, INESITA SOARES DE ARAUJO - ICICT/FIOCRUZ, RAQUEL AGUIAR CORDEIRO - IOC/FIOCRUZ
					
  
					Apresentação/Introdução A epidemia de Zika no Brasil em 2015 e sua correlação com a síndrome de malformação fetal receberam grande visibilidade na imprensa. Considerando inequidades e iniquidades de gênero e em saúde que atravessam a epidemia e o relevante lugar dos meios de comunicação na produção de desigualdades sociais, objetivamos investigar enunciados do Jornal Nacional na cobertura da emergência em saúde pública.
  
 	Objetivos Configurar a produção de sentidos em notícias do Jornal Nacional sobre a Zika e sua correlação com a microcefalia, sob o prisma da desigualdade social, identificando formas de visibilidade, invisibilidade e silenciamento.
 
  
 	Metodologia Foram selecionadas notícias veiculadas no Jornal Nacional entre 11 e 28 de novembro de 2015, período em que o Ministério da Saúde admitiu a suspeita e confirmou a correlação entre Zika e microcefalia. Com a perspectiva da Produção Social dos Sentidos (Eliseo Verón e Milton Pinto), recorremos à análise crítica de discursos, enfatizando a relação dos textos e imagens com seus contextos. Como categorias de análise, discursividades, silêncios e silenciamentos; para configurar a expressão de desigualdades e exclusões, em múltiplos aspectos - social, de gênero, em saúde e comunicação, fizemos recurso a Boaventura Santos.
  
 	Resultados Em 16 edições do JN analisadas, foram veiculadas 7 notícias relativas ao Zika e à microcefalia. As vozes autorizadas foram as de autoridades e profissionais da saúde. Houve silenciamento de gestantes e mães de bebê com microcefalia, representadas por imagens genéricas de mulheres em hospitais lotados e pela ilustração gráfica do bebê. A única familiar de bebê a ter espaço de vocalização não recebeu crédito, com efeitos de sentido de baixa relevância. A desigualdade foi explicitada nas imagens de hospitais públicos e no reforço à concentração de casos no Nordeste, com apagamento do drama humano. A principal preocupação expressa nos enunciados é que o problema alcance outras regiões.
  
 	Conclusões/Considerações Sentidos de desigualdade estão presentes no corpus, emergindo principalmente pelo silenciamento de gestantes e mães de bebês com microcefalia, frente ao predomínio de vozes e saberes oficiais. Há sentidos de apagamento da vulnerabilidade da população mais atingida, restrita a imagens de hospitais lotados. Embora confiram visibilidade à emergência, os enunciados do JN acabam por contribuir para o ciclo de desigualdades e negligenciamento em saúde.
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