27/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO6d - Saúde e novas ambiências comunicacionais (pesquisas)  | 
        
        
		  
					 
          				
						 22196 - O TRANSTORNO BIPOLAR NA REDE: A CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO EM UM GRUPO ONLINE LUISA MOTTA CORRÊA - IMS/UERJ
					
  
					Apresentação/Introdução O presente trabalho aborda os sentidos atribuídos ao transtorno bipolar por um grupo do Facebook dedicado ao tema. Esta forma de sociabilidade, mediada pela internet e seus novos canais de divulgação do conhecimento, revela como o diagnóstico de bipolaridade vem se disseminando entre o público leigo e participando do modo como as pessoas interpretam e experimentam suas oscilações emocionais. 
  
 	Objetivos Analisar os sentidos atribuídos às oscilações bipolares, os tratamentos abordados, as vozes de autoridade eleitas para falar sobre o tema, as concepções sobre natureza/causas do transtorno predominantes e as identidades e sociabilidades em jogo.
 
  
 	Metodologia Durante 1 mês, as 10 publicações mais comentadas do grupo mais numeroso sobre o transtorno bipolar do Facebook foram selecionadas e sistematizadas em diferentes categorias, cada qual abordando um tema ou tendência identificados nas interações. A abordagem utilizada foi a etnografia, que se baseia no engajamento multifacetado do pesquisador com o ambiente social estudado. Além de apresentar a pesquisa ao grupo através de uma postagem que desencadeou diálogos com os participantes, foi possível mapear a dinâmica de interações entre eles durante a coleta do material. Através desta imersão, foram identificados tanto os sentidos atribuídos à bipolaridade quanto os modos de socialização do grupo. 
 
  
 	Resultados Foram identificadas as seguintes categorias: experiências dolorosas; endosso e identificação; enfrentamento e manejo das emoções; estigma; o saber pela experiência; medicamentos; porosidade das fronteiras diagnósticas; humor; direitos e cidadania; a reificação do transtorno bipolar: ter x ser; redescrição de si a partir do diagnóstico. O grupo funciona como espaço de ajuda mútua em que os participantes trocam dicas tanto sobre medicamentos, quanto sobre práticas e atitudes positivas para superar as experiências dolorosas que atribuem à bipolaridade. A partir da construção deste saber coletivo baseado na experiência, são produzidos laços de comunhão e identificação através do diagnóstico.  
 
  
 	Conclusões/Considerações Os medicamentos são o recurso privilegiado no tratamento do transtorno, que é considerado incurável, mas passível de regulação; predomina uma postura pragmática frente ao sofrimento, que reflete valores pós-modernos; a bipolaridade é definida como uma entidade externa ao sujeito, da qual ele seria portador, aproximando-se das concepções biológicas que definem os transtornos mentais como materialidades neuroquímicas dissociadas da personalidade.
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