28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO16i - LGBT III  | 
        
        
		  
					 
          				
						 23813 - "OU OS CARAS MORREM TENTANDO TRATAMENTO POR CONTA PRÓPRIA OU POR NÃO SER ACEITO NA SOCIEDADE": NECESSIDADES, DEMANDAS DE SAÚDE E ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE HOMENS TRANS DIOGO SOUSA SILVA - ISC/UFBA, JORGE ALBERTO BERNSTEIN IRIART - ISC/UFBA
					
  
					Apresentação/Introdução As biografias dos homens trans têm inscrito questões contundentes no campo da saúde, interpelando as determinações biológicas e culturais de gênero e requerendo respostas que insiram estes sujeitos na rede de atenção à saúde. Pouco se sabe, no entanto, sobre suas necessidades de saúde, estratégias de cuidado e obstáculos no acesso a saúde. 
  
 	Objetivos Este trabalho visa compreender as necessidades e demandas de saúde de homens trans e os itinerários terapêuticos por eles construídos para a efetivação dos cuidados requeridos. 
  
 	Metodologia Foi realizada uma pesquisa qualitativa composta de duas etapas: observação participante em espaços de discussão sobre identidades trans/transmasculinidades e entrevistas semi-estruturadas com 10 homens trans. Destes, sete se autodeclararam negros e nove heterossexuais, com idades entre 20 e 43 anos. O convite à participação ocorreu por meio de redes sociais virtuais e listas de e-mails. As entrevistas enfocaram a elaboração das necessidades e demandas de saúde e a compreensão dos itinerários terapêuticos. A análise foi baseada na antropologia interpretativa, articulada às críticas do pressuposto da interseccionalidade e da perspectiva decolonial.
  
 	Resultados As necessidades e demandas de saúde dos homens trans preveem a despatologização, a modificação corporal e questões ambulatoriais. A transfobia centraliza tais aspectos e é interseccionada por outros marcadores que interpelam seus trânsitos na construção de cuidados. Na rede formal de saúde, a negação do nome social, a imposição de valores pessoais por profissionais e a falta de informação implicam em diversas situações de violência. A mercantilização do cuidado adensa as barreiras enfrentadas. Redes de autocuidado também são articuladas, embora sejam pouco efetivas para questões que demandam cuidado biomédico.
  
 	Conclusões/Considerações Embora as vidas dos homens trans sejam marcadas por processos de deslegitimação e violência que articulam suas necessidades e demandas, seus itinerários elucidam e convocam o campo da saúde a construir novas e efetivas estratégias de cuidado. Tal processo só parece possível se visto de modo decolonial e interseccional, que requalifica a humanidade negada a tais sujeitos e assinala as necessárias mudanças culturais, sociais e políticas ao campo.
					 |