28/07/2018 - 14:30 - 16:00 CO16i - LGBT III |
24333 - VIOLAÇÕES DE DIREITOS CONTRA TRAVESTIS E MULHERES TRANSEXUAIS EM MANAUS: COMPREENDENDO O NÃO-DITO A PARTIR DE HISTÓRIAS DE VIDA MÁRCIO GONÇALVES - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, SERGIO LUÍS CARRARA - UERJ
Apresentação/Introdução Violências contra grupos minoritários e excluídos socialmente, como travestis e mulheres transexuais, nem sempre são óbvias. Isto ocorre por conta de tensões e conflitos advindos de posicionamentos e discursos políticos, religiosos, jurídicos, médicos, acarretando problemas à saúde dessa população ao terem seus direitos negados no acesso a serviços públicos.
Objetivos Este trabalho objetiva contribuir à análise das violências às quais as pessoas trans, travestis e mulheres transexuais, são submetidas, identificando a articulação das violências contra essa população com o processo de risco e vulnerabilidade social.
Metodologia A partir do Método de História de vida, buscou-se coletar informações sobre várias etapas de vida de 20 pessoas, da infância à vida adulta, utilizando-se de um roteiro de entrevista semiestruturado. Tal coleta de informações tem sido analisada e sistematizada a partir de uma proposta de Kornblit (2004 apud Meccia,2013), que propõe uma “análise estrutural da história de vida”, qual seja, um conjunto de conteúdos implícitos, grandes oposições e estruturações que organizam a relação do indivíduo com o mundo e sua própria estrutura sócio afetiva. Utilizou-se análises foucaultianas para compreender a partir de quando, onde, quem e como esses discursos foram produzidos nas narrativas de vida.
Resultados Como resultados preliminares, a partir dessas narrativas, encontramos relatos de exclusão de corpos diferentes no âmbito educativo, o que denota uma organização social para aquilo pertencente a um padrão de referência normativa. Identificamos também a dificuldade de a família lidar com o gênero e a sexualidade, desemparando muitas dessas jovens ainda na adolescência. Outra dimensão de suma importância é o acesso dessas pessoas aos serviços públicos de saúde. No geral, elas vivenciaram experiências de constrangimentos e humilhações, o que as fazem buscar ajuda entre as amigas ou a vizinhança em suas comunidades.
Conclusões/Considerações Compreendemos que algumas das pessoas envolvidas nessa pesquisa não pensam a exclusão do acesso a serviços públicos, como de educação e saúde, como um problema de violação de direitos, e portanto, de violência. Deve-se ampliar, dessa forma, pesquisas sobre violências e o que essas pessoas fazem com essas violências expressas em suas histórias de vida, em uma tentativa de promover ações afirmativas que fomentem humanidade a grupos vulneráveis.
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