26/07/2018 - 13:10 - 14:40 CO29e - Loucura e cidadania (arte, cultura, militância e economia solidária) - Sessão 1  | 
        
        
		  
					 
          				
						 23818 - SAÚDE MENTAL, LOUCURA E DIVERSIDADE CULTURAL: INOVAÇÃO E RUPTURA NAS EXPERIÊNCIAS DE ARTE-CULTURA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E DO CAMPO DA SAÚDE MENTAL EDUARDO HENRIQUE GUIMARÃES TORRE - ENSP/FIOCRUZ, PAULO D. C. AMARANTE - ENSP/FIOCRUZ
					
  
					Apresentação/Introdução Esta pesquisa de tese de doutorado se constitui de uma análise de experiências de inclusão social no processo de reforma psiquiátrica no Brasil, especialmente através dos projetos de arte-cultura e trabalho que vêm sendo criados e desenvolvidos nas últimas décadas, a partir das lutas no campo da saúde mental, que têm permitido o surgimento de formas inovadoras de relação com a loucura e a diversidade.
  
 	Objetivos A partir da Análise Genealógica de Michel Foucault, busca-se refletir sobre as rupturas com o paradigma psiquiátrico que podem ser operadas através das inovações nas experiências de diversidade cultural da reforma psiquiátrica.
  
 	Metodologia A pesquisa de campo foi realizada no Brasil e na Itália, e incluiu 14 entrevistas com fundadores e participantes de 8 projetos artístico-culturais no Brasil, no Rio de Janeiro e São Paulo, nas áreas de teatro, música, artes plásticas, bloco carnavalesco e uso de linguagens multiartísticas. E também 9 entrevistas com fundadores e participantes de importantes projetos de inclusão social e cooperativas de trabalho na Itália, em Trieste, Milão e Roma. Por fim, foram incluídas na análise 3 exposições de arte em conexão com a questão da loucura: as exposições “Mais que Humanos” (SP) e “Lugares do Delírio” (RJ), no Brasil; e a exposição “Progetto LABRYS”, no Parco Basaglia em Gorizia, na Itália.
  
 	Resultados 	Uma série de questões fundamentais são colocadas para o campo da saúde e da saúde mental: o problema da colonização biomedicalizante do discurso e da prática e a continuidade da tendência à burocratização e à padronização dos modos de intervenção; mas também o uso de múltiplas linguagens artísticas ou hibridismos de forma inovadora ou não-convencional, com a dissolução de fronteiras rígidas entre as artes; o princípio do co-envolvimento e da horizontalidade, fundado na quebra de hierarquias e na ruptura com o discurso especialístico; e o uso da arte rompendo a sua captura como “mercadoria” – o que leva a uma desinstitucionalização da arte e a um repensar os conceitos de cuidado e de saúde.
  
 	Conclusões/Considerações 	Em síntese, os projetos de arte-cultura e os projetos de trabalho, economia solidária e cooperativas sociais se constituem atualmente como modos de resistência às políticas neoliberais e aos retrocessos políticos remanicomializantes, demonstrando uma riqueza de formas de participação e circulação social e ampliação da cidadania fundamentais para repensar os processos de desinstitucionalização nas políticas de saúde mental no país.
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