29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC29l - Cuidado em saúde mental - família, infância e adolescência |
24992 - PERSPECTIVA DE CRIANÇAS SOBRE SEUS CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL PATRICIA SANTOS DE SOUZA DELFINI - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA/USP, TATIANE GUIMARÃES PEREIRA - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA/USP, ALBERTO OLAVO ADVINCULA REIS - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA/USP
Apresentação/Introdução Crianças em sofrimento psíquico são atendidas, no contexto do Sistema Único de Saúde, por uma rede de serviços, cuja função é proporcionar ações articuladas e singulares de cuidado. Nesse sentido, considerar a perspectiva da criança sobre os cuidados que recebe reflete os preceitos do modo de atenção psicossocial e a perspectiva desses serviços como locais de produção de subjetividades.
Objetivos analisar como as crianças usuárias de um Centros de Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSi) entendem o serviço, o cuidado que recebem e o sofrimento que vivenciam.
Metodologia recorte de pesquisa de doutorado, com suporte teórico-metodológico da Análise Institucional. Foram realizadas Observações Participantes do serviço e Grupos Focais - dois encontros com crianças de 6 a 10 anos usuárias do CAPSi. Nos encontros em grupo, foram propostas atividades lúdicas - desenho e dramatização com bonecos - com objetivo de proporcionar a interação entre as crianças e com as pesquisadoras e abrir a possibilidade para abordagem dos objetivos da pesquisa a partir de uma linguagem adequada para a idade. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa e consentida pelos responsáveis pelas crianças.
Resultados A compreensão das crianças acerca de suas dificuldades e tratamento se assemelha ao entendimento dos demais atores envolvidos. Relatam que vão ao CAPSi devido a alguma dificuldade, como na fala ou no comportamento. Referem-se ao serviço como lugar de brincar e de acolhimento, o que se alinha com sua proposta e com os modos de expressão e elaboração infantil. Ao mesmo tempo, sinalizam que a função normatizadora da saúde, que tende a patologizar comportamentos, está presente, revelada em falas como "ajudar a obedecer" e ficar inteligente". Assim, percebe-se a presença concomitante de concepções e lógicas distintas, de um lado a disciplinar e reducionista, de outro, a ampliada e psicossocial.
Conclusões/Considerações Os dados produzidos nos encontros com as crianças demostram seu alinhamento com as concepções que atravessam o imaginário social acerca dos problemas e cuidados em saúde mental. Há, assim, a coexistência da lógica disciplinar e psicossocial no entendimento do cuidado recebido. Ainda, dar voz às crianças revelou-se como estratégia potente de compreensão do cuidado, considerando-as narradores e protagonistas de seus cuidados e suas histórias.
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