29/07/2018 - 08:00 - 09:50 COC29m - Saúde mental de grupos específicos/ Suicídio |
28087 - A SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI: ENTRE SABERES E PRÁTICAS MURILO GALVÃO AMANCIO CRUZ - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL - UERJ, RAFAELA TEIXEIRA ZORZANELLI - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL - UERJ
Apresentação/Introdução A literatura aponta uma correlação entre socioeducandos e transtornos psiquiátricos. Todavia, poucos estudos destacam estas classificações como possíveis instrumentos de manejo e controle de condições sociais. De fato, esta população não passa indiferente aos processos de medicalização no contemporâneo e suas características, muitas vezes, são interpretadas como estados patológicos individuais.
Objetivos Nosso objetivo foi analisar os usos da categoria Transtorno de Conduta dentro do contexto socioeducativo a fim de verificar se estariam relacionados a operadores de exclusão social a partir de processos de medicalização e patologização das condutas.
Metodologia Esta pesquisa se divide em duas partes: a primeira consistiu em um levantamento bibliográfico acerca do processo de medicalização da conduta, tendo em vista os usos e desusos da categoria psiquiátrica Transtorno de Conduta em adolescentes em conflito com a lei; já a segunda parte apresenta os resultados de uma investigação empírica cujo procedimento metodológico adotado foi a entrevista semidirigida com profissionais da equipe de saúde mental de uma unidade socioeducativa. Por meio deste instrumento, buscou-se indagar sobre as práticas e representações destes profissionais no que diz respeito à saúde mental dos adolescentes em conflito com a lei.
Resultados Os resultados apontam que há uma tentativa histórica, no campo da ciência, de associar criminalidade e loucura, por meio de processos de medicalização que transformam questões complexas em casos individuais. Todavia, a pesquisa empírica demonstrou uma perspectiva crítica nas práticas em saúde mental dos profissionais da unidade pesquisada. Em substituição às classificações psiquiátricas, encontramos um lugar de escuta que prioriza o contexto social e os sofrimentos decorrentes da privação de liberdade em detrimento da cristalização diagnóstica. Assim, a posição da equipe vai de encontro à literatura científica que afirma uma prevalência exorbitante de Transtornos Mentais nesta população.
Conclusões/Considerações Neste trabalho, buscou-se compreender o processo de produção, transformação e usos da categoria diagnóstica Transtorno de Conduta, bem como a relação entre essa classificação psiquiátrica, marcadores sociais de diferença e forma de gestão de adolescentes em conflito com a lei em um contexto social específico. Apesar dos discursos patologizantes das pesquisas acadêmicas, as práticas em saúde mental podem ocupar um lugar de resistência.
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